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sábado, 3 de agosto de 2013

Livro: As vantagens de ser invisível.

Autor: Stephen Chbosky
Editora: Rocco
Páginas: 224




       
          As vantagens de ser Invisível

Há livros que são realmente especiais e únicos. Há livros que nos revelam e representam uma parte da nossa vida. Meio brega né? Eu sei. Mas é exatamente como me sinto após ler este livro pela terceira vez.
Escrito em 1999 por Stephen Chbosky, é considerado por muitos leitores americanos daquela geração, um manual de sobrevivência especialmente para os jovens deprimidos da época. Existe um rumor de que esse livro impediu muitos adolescentes de cometer suicídio culminando até mesmo no envio de  centenas de cartas de agradecimentos para o autor.
Não é uma coincidência que o personagem principal, Charlie é diferente dos outros meninos da mesma idade. Vive entre extrema apatia e entusiasmo exagerado. É inexperiente, honesto e sensível por demais e apresenta dificuldades para viver socialmente. Tudo muda quando conhece Sam e Patrick, dois meio-irmãos que estudam na mesma escola. Eles introduzem um novo mundo social de amizade, amor, drogas e também literatura.
O diferencial do livro é o fato de podermos acompanhar as situações vividas por Charlie através de seus próprios olhos. Sua visão de mundo e sua rotina diária é contada através de cartas que ele escreveu para alguém que ele conhece apenas superficialmente.
A grande sacada de Srephen Chbosky é o fato de que podemos ver o crescimento social e intelectual  do personagem através de suas cartas: no início a sua escrita é extremamente infantil e pobre. Mas no final, há uma maior desenvoltura estrutural  e o vocabulário é ampliado a cada nova experiência vivida e relatada. Sua visão é mais madura e abrangente. Essa maturidade é também devido ao seu professor de literatura que mostra uma nova visão de mundo e perspectivas através de  livros clássicos. Narrativa fluida e espontânea na qual nos lembra como a adolescência pode ser angustiante, mas ao mesmo tempo infinita.

 

sábado, 20 de abril de 2013

Certa vez uma amiga me disse que há certos livros que merecem ser degustados e não devorados. Ela tinha razão. E essa frase se encaixa como uma luva para esse livro.
Conhecido por ser provocador e subversivo, ao ponto de ser contrariado até mesmo pelos psicanalistas, o escritor e também psicanalista Roberto Freire em 1966, cometeu a felicidade chamada“Cléo e Daniel”. Estouro absoluto de vendas, tanto em livrarias quanto em bancas de jornais no formato jornal-livro que algumas editoras dos anos 60 e 70 exploravam, levou milhares de jovens uma literatura complexa e sofisticada, cheia de meandros difíceis de serem compreendidos pelo público-alvo, mas plenamente aceitos por este.
Bom, ganhei este livro de presente no último natal. Grata surpresa. Surpresa pelo presente e por ser um livro. Não conhecia o autor e muito menos a história. Ambos me surpreenderam. Pelo título e data esperava um romance adolescente em meio ao turbulento anos sessenta mas não tem nada a ver com o que pensara. É uma dessas histórias peculiares que nos marcam e levam dias para nos deixar. È uma daquelas histórias que no momento que terminamos de ler queremos reler e entrar naquele mundo novamente. È sobre uma geração sem chances, excluída e alienada. È sobre uma geração revoltada. Trata de uma juventude semente amadurecendo para  uma transformação. Da alienação para revolução.
Não. Não é nada disso. É sobre um psicanalista que larga tudo por estar desiludido com a carreira e a vida.  Vive de bar em bar e de prostituta em prostituta afim de suplantar o vazio que sente. Mas sem sucesso. Monstro lúcido é como se caracteriza. Monstro lúcido solitário e vazio. Procura afeto. Procura amor. Desse modo larga a profissão. Justamente por não encontrar o amor. Por não amar ninguém. Não sente absolutamente nada. Assim como os outros personagens. Os conhece  a fundo devido a sua profissão mas como um telescópio só amplia seu campo de visão sobre o ser humano. Vê  sua profundidade. Vê sua superfície.Ve além. Mas não sabe o que fazer com isso. Não sabe o que fazer consigo mesmo.
Sua vida espiritual também é citada. Faz parte de sua essencia. Mas sua relação com Deus é estranha, para dizer o mínimo. Ao mesmo tempo que acredita e acha que Ele esta dentro de si quer exclui-lo. Quer livrar se da ideia de Deus. Se Deus é amor mas não ve esse amor, então ele não existe certo?
E Cléo e Daniel? O que dizer? Dois adolescentes perdidos. Desajustados. Marginais. Não no sentido de estarem contra a lei mas no sentido da marginalidade mesmo. Estarem marginais a sociedade. Sem foco. Sem salvação. Só aparecem na página cem e até o final da vida e do livro procuram a paz. Procuram a beleza da vida. Procuram a verdade. Procuram uma vida longe de instituições que o aprisionam, o castram. Como igreja, família e escola. Querem a liberdade, querem plenitude. Querem amor. Querem paz. Querem a morte.
Cléo e Daniel é um livro complexo para tecer comentários e de se resumir. Mas basicamente são histórias que se cruzam e se complementam. E se modificam. O psicanalista por exemplo baseia sua vida no nilismo e racionalismo até encontrar Cléo e Daniel. O momento que vê os dois deitados juntos mas apenas dormindo de mãos dadas é emblematica. A beleza do amor puro diante de si o perturba. Mexe com sua razão.
Perde sua base. Perde sua identidade. Afinal quem é ele? Quem é Cléo e Daniel?
Trecho de destaque: "Quem, como pessoa, pode suportar, face às suas limitações, frustrações e angústias, a imagem da liberdade total, do prazer e da alegria revelados de forma pura e natural? Quem, como pessoa, que racionaliza o impossível, que mistifica o misterioso e sublima a impotência, pode tolerar a visão física do eterno, o segredo humano revelado, a energia vital possuída e possuindo?
Não sei via nada, além da estátua de um beijo. Estátua de carne, mas estátua. Nenhum movimento. Apenas o tempo do beijo era maior, como o das estátuas. Só isso se via sobre o banco da praça. cada um que olhava, entretanto, sentia o que não estava olhando. E entrava merda em lugar de sangue, em seu coração. Sentia, cada um, ao ver aquilo, o que não houve nunca em si mesmo. E a estátua de carne torna-se uma ofensa. Ofensa insuportável que exige revide. Necessidade de revide que inveja, é o ódio. E quando chega-se ao ódio, descobre-se o amor. O amor inatingível, o alheio amor. Então, olhando o beijo de Cleo e Daniel, sentindo o que vê - o desconhecido sentimento, o inatingível prazer - cada um é um mendigo em desespero Cada um é o ódio exigindo destruição.